BBB, Yasmin Brunet e transtornos alimentares

Vieram me perguntar sobre o que tem acontecido com a Yasmin Brunet e os sintomas de transtorno alimentar que tem aparecido na participação dela no BBB.

Estimular a discussão de temas difíceis no dia-a-dia é um grande ganho do programa.

Sobre transtornos e sofrimento psíquico, imagino que quem está espantado com a forma como ela está sendo tratada e mesmo com a dificuldade que ela tem passado, nunca teve um transtorno que as outras pessoas percebessem... É daí pra pior.

Vieram me perguntar sobre o que tem acontecido com a Yasmin Brunet e os sintomas de transtorno alimentar que tem aparecido na participação dela no BBB.

Estimular a discussão de temas difíceis no dia-a-dia é um grande ganho do programa.

Sobre transtornos e sofrimento psíquico, imagino que quem está espantado com a forma como ela está sendo tratada e mesmo com a dificuldade que ela tem passado, nunca teve um transtorno que as outras pessoas percebessem... É daí pra pior.

Lidar com sofrimento psíquico, é uma realidade bem mais dura do que gostamos de imaginar. Mesmo quando as pessoas de fato buscam ajuda, estão quase sempre querendo uma "cura" com total interrupção dos sintomas. E em saúde mental, nem sempre isso é possível.

Eu sei que as pessoas prometem todo tipo de coisas pela Internet,

mas estou falando do que é real.

E não é necessariamente porque não existam técnicas, ferramentas ou tratamentos.

Mas sim porque mudar os inúmeros diferentes aspectos de um transtorno ou de outra fonte de sofrimento psíquico é Imensamente complexo. Não é como tomar um analgésico pra uma dor de cabeça leve e ter alívio. Também não é questão de não ter uma direção clara sobre o que fazer.

Muitos memes falam sobre alguém querendo que um psicólogo lhes diga o que fazer.

Eu te pergunto:

se teu psi te disser, você vai conseguir colocar em prática?

Para cada problema difícil, as redes sociais estão cheias de soluções fáceis, práticas e... Erradas. "Saber o que fazer" não é nem de longe uma garantia que você vai conseguir por em prática e mais ainda, continuar conseguindo no médio e longo prazo.

Também vale comentar que simplesmente dizer “você tem que ir pra terapia” é uma forma de silenciamento e um desejo de silenciamento. O foco não é na sua melhora, apenas em que você pare de incomodar. É uma forma sutil de violência.

Apoiar a busca de tratamento não precisa ser feito dessa forma.

Por isso o papel do psicólogo vai muito, muito além disso. Não é porque seja algum problema ético em si, te dizer o que fazer. É mais porque isso em si não resolve muita coisa.

Você precisa desenvolver a habilidade de fazer de uma forma que seja compatível com seu jeito de existir.

Um transtorno psíquico não é causado por um vírus, ou uma bactéria ou mesmo um tumor, no geral. Não há um agente causador que podemos medicar e curar. Mesmo quando tomamos remédios, eles atuam nos sintomas ao invés das causas.

Eu não conheço a história da Yasmin, não sei como ela buscou apoio e se cuidou. Desejo a ela e a todas as pessoas que vivem com desafios de saúde mental, que continuem tentando todos os dias e busquem ajuda sempre.

Mas transtornos alimentares podem permanecer presentes de uma forma ou de outra por toda a vida.

Mesmo que a pessoa não manifeste os sintomas mais graves, a compulsão, os medos, a dor emocional, muitas vezes seguem ali por anos e ainda precisam de atenção e cuidado profissional.

O mesmo vale para dependências e de formas diferentes pra quase todas as questões de saúde mental.

Eu sei que é um impulso de sobrevivência acreditar que tem que existir uma vida totalmente sem sintomas.

Mas muito do que chamamos de sintoma, pa são aspectos de quem nós somos. É possível mudá-los? Provavelmente.

Mas vai levar tempo, dar trabalho e é mais fácil com ajuda.

Procure apoio de um(a) psicólogo(a).

E para aqueles que estão sofrendo (e de alguma forma estamos todos) eu digo:

nenhum sofrimento é final.

Vai passar, depois pode voltar e passar de novo.

E não será igual, da próxima vez, e você também não será.

E com o tempo, fica gradualmente menos difícil. E é isso o que, para a maioria, se chama de cura.

A vida é errática.

PS: Também me perguntaram sobre aquele macho desprezível que fez os comentários nojentos sobre ela.

Me recuso a ecoar a voz dos imbecis.

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Crescer nunca para de doer