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Foto do escritorLucas Liberato

Psicodélicos e Psicoterapia


O uso de psicodélicos no contexto terapêutico tem ganhado cada vez mais atenção como uma alternativa promissora para tratar transtornos mentais complexos, como depressão resistente, transtorno obsessivo-compulsivo e ansiedade em pacientes terminais.

Esses tratamentos, embora ainda enfrentem barreiras legais em diversos países, inclusive no Brasil, vêm mostrando resultados surpreendentes e renovando as esperanças de muitos pacientes e profissionais de saúde mental.


O que são Psicodélicos e como atuam na psicoterapia?


O termo "psicodélico" foi criado em 1957 pelo psiquiatra britânico Humphry Osmond e significa, literalmente, "manifestação da mente" ou "revelação do espírito". Na prática, os psicodélicos são substâncias que induzem estados alterados de consciência, permitindo que o usuário experimente percepções, pensamentos e sentimentos de forma intensificada e muitas vezes transformadora.


Quando usados em psicoterapia, essas substâncias podem facilitar a introspecção profunda, ajudar na resolução de traumas e abrir espaço para uma nova perspectiva sobre a própria vida. Isso acontece porque, ao diminuir o controle do ego e expandir a consciência, os psicodélicos possibilitam uma exploração interior que, em alguns casos, se mostra extremamente terapêutica.



Drug-Set-Setting: A Tríade Essencial para o Uso Seguro de Psicodélicos


Para que esses tratamentos ocorram de maneira segura e eficaz, um conceito essencial a se entender é o "drug-set-setting". Esse termo se refere a três componentes fundamentais da experiência psicodélica:


1. Drug (substância) – tipo, dosagem e propriedades da substância.

2. Set (estado mental) – condições psicológicas e emocionais do usuário.

3. Setting (ambiente) – contexto físico e social onde o uso ocorre.


Essa tríade é especialmente importante no contexto terapêutico, onde o acompanhamento profissional garante que a experiência seja benéfica e que possíveis desafios emocionais possam ser manejados adequadamente.


Principais Psicodélicos em Uso Terapêutico no Brasil

Embora o Brasil ainda não tenha regulamentado o uso terapêutico dos psicodélicos, alguns compostos já são conhecidos no cenário nacional e utilizados em contextos religiosos e experimentais:


Ayahuasca

Tradicionalmente usada em cerimônias religiosas, essa bebida feita a partir do cipó Banisteriopsis caapi e das folhas de chacrona (Psychotria viridis) contém DMT, um potente psicodélico. Seu uso é permitido legalmente em rituais religiosos no Brasil e tem atraído a atenção de pesquisadores por seu potencial terapêutico em casos de depressão e ansiedade.


LSD

Substância semissintética criada em 1938, o LSD foi extensamente pesquisado nas décadas de 1950 e 60, mostrando potencial para o tratamento de dependências e transtornos mentais. No Brasil, seu uso é ilegal, mas há interesse crescente no seu potencial terapêutico.


MDMA

Apesar de ser mais conhecido como "ecstasy", o MDMA é um potente terapêutico que vem sendo estudado para o tratamento de TEPT (transtorno de estresse pós-traumático) e ansiedade social. Nos Estados Unidos, estudos clínicos avançados indicam que essa substância pode ser aprovada para uso terapêutico nos próximos anos.


Cogumelos com Psilocibina

Dentre os psicodélicos, a psilocibina presente nos cogumelos do gênero Psilocybe é uma das substâncias mais promissoras e amplamente estudadas. De todos os psicodélicos, os cogumelos que contêm psilocibina são especialmente populares no Brasil devido ao seu uso acessível e ao interesse crescente em seus efeitos terapêuticos.



O Papel dos Cogumelos de Psilocibina na Psicoterapia

A psilocibina, alcaloide encontrado em espécies de cogumelos como Psilocybe cubensis, tem atraído a atenção de cientistas do mundo todo devido ao seu potencial terapêutico. Estudos mostram que ela pode ter efeitos positivos para quem sofre de depressão resistente, ansiedade, e até mesmo dependência química.


Os cogumelos de psilocibina, conhecidos popularmente como "cogumelos mágicos", são consumidos há milênios em rituais espirituais e curativos. Sua ação no organismo provoca uma experiência única, que pode variar desde uma leve euforia até intensas visões e insights emocionais profundos. Em terapia, os efeitos são ainda mais evidentes quando a substância é usada sob acompanhamento especializado, num ambiente controlado e com a devida preparação emocional e psicológica do paciente.


A baixa toxicidade da psilocibina é um dos fatores que tornam seu uso potencialmente seguro. Estudos indicam que as doses utilizadas para terapia estão longe de níveis tóxicos, e que os efeitos colaterais, quando ocorrem, são temporários e facilmente manejáveis.



O Que Esperar do Futuro dos Psicodélicos na Terapia?

Apesar do estigma que ainda cerca o uso de psicodélicos, a "Nova Renascença Psicodélica" indica um caminho promissor para essas substâncias. Em 2018, a FDA, agência reguladora dos EUA, designou a psilocibina como uma "terapia revolucionária" para a depressão resistente, e pesquisas avançadas continuam em andamento em várias partes do mundo. No Brasil, a regulamentação é um desafio, mas o avanço da ciência e o aumento do interesse público podem contribuir para que, em um futuro próximo, psicodélicos como a psilocibina ganhem espaço no arsenal terapêutico nacional.


Os psicodélicos podem oferecer mais que alívio para transtornos mentais; eles podem proporcionar um verdadeiro processo de transformação. Integrar esses tratamentos com responsabilidade e ética em contextos terapêuticos pode permitir que muitos brasileiros tenham acesso a ferramentas poderosas de autoconhecimento e cura emocional.


Para aqueles interessados em explorar mais sobre o tema, é sempre importante buscar informação de fontes confiáveis e discutir com profissionais que compreendam o uso seguro e terapêutico dessas substâncias.


O uso de psicodélicos, especialmente a psilocibina dos cogumelos mágicos, representa uma abordagem inovadora para o tratamento de condições mentais complexas. Contudo, é essencial que o Brasil avance na discussão sobre a regulamentação e segurança desses tratamentos, visando oferecer suporte adequado e ético para quem busca alternativas na psicoterapia.


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