Em meu trabalho como psicólogo, muitas vezes me vejo diante de um desafio comum: como abordar os problemas, sintomas e demandas que meus pacientes trazem de uma maneira que realmente faça sentido para eles. Ao invés de rotular tudo como "TDAH" (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), prefiro falar sobre o "déficit de atenção" que está dificultando a conclusão dos módulos do curso, por exemplo. Essa diferença pode parecer sutil, mas é extremamente importante.
Um Sintoma, Não Um Rótulo
Quando falamos de "déficit de atenção", estamos descrevendo uma situação, um aspecto específico do funcionamento da pessoa naquele momento. É uma maneira de individualizar o processo terapêutico, de enxergar cada sintoma como uma parte do todo, e não como uma identidade. Isso é fundamental porque o diagnóstico psicológico não funciona da mesma forma que o diagnóstico médico. Em vez de buscar uma "doença", na Psicologia, buscamos entender o funcionamento global do indivíduo – seus aspectos cognitivos, emocionais, comportamentais e sociais – para orientar as intervenções mais adequadas para cada caso.
O Diagnóstico Como Ferramenta, Não Como Sentença
O diagnóstico psicológico, portanto, não se trata apenas de associar um conjunto de sintomas a um transtorno específico. Ele busca compreender como essas dificuldades se inter-relacionam e influenciam a vida da pessoa no presente e como podem impactar o futuro. Os sintomas não são apenas itens em uma lista; eles são as questões que levaram a pessoa a buscar ajuda e que se manifestam na sua história e no seu cotidiano.
Um diagnóstico de TDAH, por exemplo, não é confirmado apenas pela presença de alguns sintomas típicos. Além disso, muitas vezes, não é necessário um diagnóstico fechado para que o processo terapêutico traga melhorias significativas. O déficit de atenção é uma experiência que atravessa diversas condições de saúde mental e não deve ser visto como um rótulo limitador, mas como uma parte do processo de autoconhecimento e crescimento.
Ciências Cognitivas e Psicoterapia: Uma Abordagem Baseada em Processos
Em vez de simplesmente rotular os problemas de saúde mental com diagnósticos específicos, a Psicoterapia Cognitivo-Comportamental (TCC) baseada em processos adota uma abordagem mais flexível e personalizada. Essa perspectiva, alinhada com as ciências cognitivas, foca nos processos subjacentes que contribuem para o funcionamento mental e emocional da pessoa. Em vez de concentrar-se apenas no diagnóstico, essa abordagem examina como diferentes padrões de pensamento, emoção e comportamento interagem e contribuem para as dificuldades que alguém está enfrentando. Isso permite que o terapeuta desenvolva intervenções mais adaptadas às necessidades individuais do paciente, focando nos processos que realmente importam para promover mudanças significativas e duradouras na vida da pessoa.
A Importância do Acompanhamento Adequado
Para aqueles que enfrentam sintomas de TDAH ou desafios semelhantes, explorar informações sobre esses sintomas, estratégias de enfrentamento e experiências de outras pessoas pode ser extremamente valioso. No entanto, é igualmente crucial buscar um acompanhamento terapêutico e, quando necessário, multidisciplinar, com profissionais especializados.
O papel do psicólogo é essencial nesse processo. Ele ajuda a identificar as melhores estratégias, métodos e possibilidades para cuidar da sua saúde mental e enfrentar os desafios associados aos sintomas de TDAH, ou a outros problemas que possam se assemelhar. Compreender profundamente suas dificuldades antes de rotulá-las pode ser um passo importante para alcançar uma vida mais equilibrada e significativa.
Se você está procurando um caminho para lidar de forma mais eficaz com suas experiências e desafios, considerar o acompanhamento terapêutico pode ser uma escolha valiosa. Um profissional pode auxiliá-lo a descobrir as melhores abordagens para promover seu bem-estar e ajudá-lo a trilhar um caminho mais harmonioso em sua vida.
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